Procura-se: uva em perigo de extinção!
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- Categoria: a história do vinho
Sabe quem está procurando? A Universidade de Zaragoza, da Espanha.
A gente sempre diz por aqui que um dos maiores atrativos do mundo do vinho é a diversidade. É impressionante pensar, por exemplo, que somente em Portugal, país tão pequeno territorialmente, existem mais de 250 castas nativas, assim como na Itália também há uma imensa variedade de uvas viníferas.
Existem, na verdade, mais de 10.000 diferentes variedades viníferas, espalhadas pelo mundo. E, como apenas parte delas são de fato exploradas para fins comerciais, é lógico pensar que, com o tempo, talvez esse número seja significativamente reduzido.
O fato é que oferecer vinhos elaborados com castas exclusivas, ou exóticas, representa um diferencial competitivo para vinícolas, regiões e países produtores.
De olho nisso, o Laboratorio de Análisis del Aroma y Enología de la Universidad de Zaragoza criou um projeto chamado Valovitis, cujo objetivo é fortalecer a produção de vinho na região dos Pirineus, por meio da riqueza do seu patrimônio genético.
Vamos por partes. O que é, e onde fica, a região dos Pirineus? Os Pirineus são uma cordilheira europeia, composta por montanhas que formam uma fronteira natural entre a Espanha e a França.
A variedade genética da região é notória, e é consequência das fortes diferenças geográficas, e da importância dessa zona na história da civilização romana e na peregrinação rumo a Santiago de Compostela.
Voltemos, agora, ao projeto Valovitis.
A ideia dos cientistas é identificar todas as cepas presentes na região, para garantir a preservação e assegurar a existência daquelas variedades que estejam em perigo de extinção. Avaliar o potencial vitivinícola dessas cepas, e contribuir para o desenvolvimento mercadológico dessas uvas.
Com isso, ganha a natureza. Ganham os moradores das zonas rurais afetadas pelo projeto. Ganham as empresas produtoras que passam a ter uma nova vantagem competitiva nos mercados onde atuam. E ganham, é claro, os enófilos que apreciam expandir seu conhecimento e sua experiência degustando novidades.
Qualquer pessoa, na região dos Pirineus, pode participar da pesquisa. Ao identificar uma videira que pareça relevante para o estudo, basta fotografá-la e enviar as fotos aos especialistas em ampelografia envolvidos no projeto, para que eles façam uma primeira avaliação da cepa, anterior aos testes genéticos conclusivos. Já imaginou, descobrir uma uva em extinção, e ajudar a preservá-la?
Se você não conhece o termo ampelografia, ou não entendeu exatamente como uma primeira avaliação pode ser feita por meio de uma foto da videira, entenda mais sobre esse assunto, clicando aqui.
E vamos ficar na torcida, para que esse projeto tenha excelentes resultados!
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